O aumento da importação da farinha de trigo da Argentina está desagradando a indústria de trigo do Brasil que sofre prejuízos com o produto argentino, mais barato e de melhor qualidade que o nacional. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo nos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Sinditrigo), Antenor Barros Leal, a entrada da farinha argentina "tira o mercado, injustamente, deslealmente, da farinha nacional".
O diretor de Assuntos Comerciais Internos da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Benedito Rosa, concorda com a queixa do setor. Segundo ele, como a indústria brasileira não tem trigo para atender ao mercado interno, ela importa o grão de outros países para fabricar no país uma farinha que será ofertada ao consumidor a um preço superior ao do produto exportado pela Argentina, "com tarifa zero, proximidade e farinha de boa qualidade". Na avaliação de Rosa, a Argentina, que já é competitiva no trigo em grão, "está tomando espaço do mercado de consumo brasileiro de farinha".
A reivindicação da indústria nacional, apoiada pelo Ministério da Agricultura, objetiva cobrar do governo argentino que pratique a mesma tarifa sobre exportação do trigo em grão e da farinha de trigo. A diferença hoje é em torno de 10 pontos percentuais. "Isso distorce o comércio intrabloco. A Argentina está errada", disse.
Consumo
A participação da farinha de trigo argentina no consumo brasileiro subiu de 2,6%, em 2002, para 8% atualmente. No mercado local do Paraná e Santa Catarina, o produto tem participação de 30%. Isso assusta o governo, afirmou Benedito Rosa, porque a indústria está se tornando gradualmente revendedor da farinha argentina, "desativando as indústrias brasileiras". Daí o pleito do Sinditrigo e de outras entidades do setor, disse.
Outros fatores que tornam o produto nacional menos competitivo são os custos de transporte e a cobrança de tributos, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), que "atrapalham a comercialização". Dessa forma, Rosa ponderou que é mais barato importar o produto da Argentina do que levar o trigo do Rio Grande do Sul, por exemplo, para o Nordeste. Quando a conjuntura internacional é favorável, isso justifica a exportação de trigo brasileiro não destinado à panificação, explicou.
O Brasil consome cerca de 12 milhões de toneladas de trigo por ano, mas a produção interna, em torno de 5 milhões de toneladas, não alcança o consumo nacional. Rosa disse que embora haja um esforço público e privado para descobrir variedades que sejam mais adequadas às condições de clima e solo da região Centro-Oeste, a autossuficiência só poderá ser alcançada no médio ou longo prazo.
Autor: Economia SC
Fonte: Economia SC
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