As famílias brasileiras estão colocando o pé no freio na hora de consumir. É o que revela a pesquisa Intenção de Consumo das Famílias referente a junho, divulgada nesta quinta-feira (16) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Em relação ao mês de maio deste ano, o Índice de Intenção do Consumo das Famílias mostrou elevação moderada de 0,7%. Já na comparação com o mesmo mês de 2010, o índice de junho registrou queda de 1,7%.
O economista da CNC, Bruno Fernandes, disse que esta foi a primeira alta do índice no ano, após cinco meses de quedas consecutivas, motivadas pelas medidas do Banco Central para contenção do crédito e devido ao aumento do custo de vida, que levaram as pessoas a consumir menos.
Motivos
Dois fatores determinaram o resultado mensal, apontou o economista. Um deles foi que o mercado de trabalho, mesmo apresentando desaceleração, continuou sustentando a intenção de consumo. A isto se somou o arrefecimento de preços observado desde o final de maio. "A conjunção desses dois fatores fez com que nós tivéssemos um resultado positivo agora em junho".
Fernandes disse, porém, que a leve alta do índice em junho não foi capaz de reverter o processo de desaceleração do consumo das famílias. Para os próximos dois ou três meses, a CNC está prevendo um arrefecimento de preços, o que favorece a intenção de aumento de gastos das famílias. O economista destacou, porém, que para o ano de 2011, as medidas de contenção do crédito ainda influenciarão a desaceleração do consumo.
"Nós ainda podemos ter variações positivas nos próximos meses. No entanto, para o ano, a gente não espera que a intenção de consumo das famílias seja superior à do ano passado. O cenário será mais pessimista do que o de 2010".
Por faixas de renda, o maior aumento na intenção de compra em junho ante maio ocorreu entre as pessoas que ganham até dez salários mínimos (+0,9%). Na avaliação dos últimos 12 meses, a maior retração do consumo foi apresentada na faixa de mais de dez mínimos (-2,8%).
Inadimplência
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) também divulgou pesquisa informando que o aumento do custo de vida pressionou o orçamento dos brasileiros e levou as famílias a contraírem mais dívidas.
A economista da CNC Marianne Hanson disse que o endividamento foi motivado pela vontade do consumidor de "fechar as contas e, não para comprar mais bens". Isto explica a elevação de dez pontos percentuais no número de famílias endividadas em junho em comparação com o mesmo mês do ano passado (64,1% do total de famílias, contra 54% em junho de 2010). Já em relação ao mês anterior (64,2%), a pesquisa registrou estabilidade.
As famílias muito endividadas subiram de 12,9% em junho do ano passado para 16,6% em junho deste ano. Em maio, o percentual era de 17,5%.
O percentual de famílias que declararam ter dívidas ou contas em atraso caiu de 24,4% em maio para 23,3% em junho, aproximando-se do dado de junho de 2010 (23,5%). Do mesmo modo, apresentou redução o percentual de famílias que disseram que não terão condições de pagar as dívidas (de 8,6% em maio para 8,4% em junho).
Faixas de renda
Considerando as faixas de renda, a pesquisa da CNC mostra que quem recebe abaixo de dez salários mínimos, ficou mais endividado do que aqueles que ganham mais. Os percentuais registrados em junho ante maio atingiram, respectivamente, 65,6% e 55,3% para as duas classes de renda.
"A gente acredita que nessa faixa de renda inferior a dez mínimos, as famílias têm mais dificuldade de se organizar financeiramente. Por isso, recorrem mais ao crédito, para ampliar o seu poder de consumo", disse Marianne.
O uso de cartão de crédito foi apontado por 73,8% das famílias como o principal meio de endividamento. Tanto para os consumidores mais pobres (73,8%) como os mais ricos (75,3%). Em junho de 2010, o percentual foi de 71,6%.
Marianne disse que embora a inadimplência tenha dado uma trégua em junho, a percepção é que "o alívio é temporário. Porque os fatores que estão condicionando uma alta na inadimplência ainda continuam". Segundo a economista, a deterioração das condições de crédito, o aumento do custo e dos prazos do crédito e até mesmo um crescimento menor da renda indicam que a inadimplência ainda pode subir mais. "Mas não será uma alta expressiva".
Autor: Economia SC
Fonte: FCDL/ SC
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