Durante o Encontro Nacional da Indústria (ENAI) em São Paulo, que conta com uma delegação de 70 representantes catarinenses, os empresários do setor industrial debateram a necessidade de ampliação da participação política nos assuntos relativos aos impactos dos custos de produção do País.
De acordo com o líder da comitiva estadual, o presidente do Sistema FIESC, Glauco José Côrte, "existe um consenso sobre a necessidade de participação mais ativa do setor empresarial junto ao Congresso Nacional, na discussão de projetos e políticas para melhorar o ambiente de negócios e estimular os investimentos e a geração de empregos."
Custo Brasil
Ao debater a necessidade de inovar, os empresários foram unânimes quanto aos impactos dos custos estruturais de produção, o chamando Custo Brasil, tratado durante a discussão como um aspecto que ameaça até a sobrevivência das empresas.
Para o presidente da FIESC, entre os diversos componentes, o da infraestrutura precisa ser priorizado. "Temos um custo muito elevado de logística em relação aos países que competem conosco. Isso requer esforço do governo no sentido de promover novos investimentos. Mas para isso, o poder público precisa ajustar os seus gastos com custeio, para que sobre os recursos para investir", disse Côrte.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI monitora, atualmente, mais de 130 políticas públicas e mais de 4.500 projetos de lei. O presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, afirma que esta avalanche de projetos revela importantes disfunções do nosso sistema político. "Foi difundida no Brasil a ideia de que o trabalho do Congresso é produzir projetos e Brasília se tornou uma verdadeira fábrica de projetos de lei. O problema vem do fato de que uma parte importante destes serve apenas para inflar o Custo Brasil", criticou.
Situação Cambial
Para o diretor-presidente do Grupo Gerdau, André Gerdau Johanpeter, que também participou do evento, a indústria brasileira é eficiente e produtiva, mas perde competitividade ao ser prejudicada pelo câmbio. "O mercado interno vem sendo tomado por importações e isso tem diminuído o emprego na indústria. Estamos perdendo espaço", destacou. Já o presidente da fabricante de ônibus Marcopolo, José Rubens de La Rosa, a carga tributária é um dos maiores problemas brasileiros. "A questão tributária atrapalha a internacionalização das empresas", afirmou.
Nova regras
Durante a participação do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloízio Mercadante no encontro foi anunciado o aumento da exigência de conteúdo nacional para manter os incentivos fiscais da indústria automobilística. As novas regras, devem entrar em vigor a partir de 2013, estão sendo negociadas com empresários do setor.
No mês passado, o governo elevou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos vendidos no Brasil. Só ficaram livres do aumento do tributo os carros com 65% de conteúdo nacional ou regional. "Queremos que as empresas estrangeiras venham produzir no Brasil. Vamos exigir transferência de tecnologia e investimentos em pesquisa e desenvolvimento", disse o ministro lembrando que a China exige 90% de conteúdo nacional nos veículos.
Smartphones e tablets
A mesma estratégia será adotada para incentivar a produção de smartphones, tablets e outros equipamentos no Brasil. "Queremos ter fábricas de componentes, de chips e displays no país. Queremos criar uma cadeia de produção de tecnologia da informação", declarou.
Segundo o Ministro, o governo também usará o poder de compra do Estado para incentivar a produção e a consolidação de cadeias industriais em outros setores, como o da saúde. Ou seja, nas licitações públicas, o governo privilegiará a compra de produtos e serviços de empresas que investem em inovação e de setores considerados estratégicos para a criação de empregos.
Na avaliação dos empresários que participaram do encontro, o desenvolvimento tecnológico e a inovação são decisivos para o crescimento da economia e a expansão das empresas. "As medidas de defesa comercial são necessárias para proteger a indústria no curto prazo. Mas, no longo prazo, a saída para a competitividade é a inovação", destacou o presidente do Grupo Ultra, Pedro Wongtschjowski.
Autor: Economia SC
Fonte: Economia SC
Obs.: Os textos aqui apresentados s?o extra?dos das fontes citadas em cada mat?ria, cabendo ?s fontes apresentadas o cr?dito pelas mesmas.