Na segunda-feira, 28/11, a vice-presidência de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP promoveu o seminário “Desempenho térmico e eficiência energética de edifícios: um caminho sem volta na busca da sustentabilidade”, trazendo especialistas e apresentando casos práticos a fim de disseminar o conhecimento sobre o tema.
A iniciativa integra uma série de eventos destinados a possibilitar uma visão do que é necessário fazer para se atingir o desempenho requerido pelas normas e sistemas de certificação já presentes no Brasil. “Mas, sobretudo, para se projetar e construir empreendimentos que ofereçam melhor desempenho aos usuários, que sejam mais eficientes do ponto de vista energético e mais sustentáveis”, disse Marcos Velletri, diretor de Tecnologia e coordenador geral do evento.
De acordo com o vice-presidente da área, Carlos Alberto Borges, o contexto é de mudança e demanda atitudes diferentes para atender um novo consumidor, mais exigente e que “não aceita qualquer coisa”. Para ele, a Norma de Desempenho, que provavelmente será adiada, precisa gerar o que interessa do ponto de vista do usuário. “Os requisitos básicos da norma estão bem definidos, mas ainda há dificuldades. De qualquer forma, não há como resolver essa questão sem colocar a discussão sobre o tema na fase de concepção do projeto”, opinou.
Desempenho térmico X eficiência energética – “Conforto não significa luxo, mas um direito do cidadão. O melhor desempenho térmico vai depender menos de recursos artificiais”, observou, ao iniciar sua apresentação, o professor Roberto Lamberts, doutor em Engenharia pela Universidade de Leeds no Reino Unido e pesquisador responsável pelo Laboratório de Eficiência Energética de Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina.
Lamberts fez um histórico sobre a regulamentação, que teve início em 2001, a partir da crise no setor energético e quando a Lei 10.285 trouxe o arcabouço legal para o desenvolvimento de diversas ações. A lei foi regulamentada pelo Decreto 4.059, que criou o comitê gestor de indicadores e níveis de eficiência energética.
O arcabouçou técnico veio em 2003, quando o grupo de trabalho da área de edificações considerou mais viável a adoção do sistema de etiquetagem de edifícios, que seguiu os padrões dos eletrodomésticos, por meio de programa específico. Tanto edifícios comerciais como residenciais entraram na classificação, mas ainda não possuem o selo, o que deve ocorrer a partir de 2012. As etiquetas cumprem as fases de projeto e de edificações, e há dois métodos de avaliação, o prescritivo (mais fácil de aplicar e com poucas variáveis) e a simulação (mais detalhado e que se justifica para grandes empreendimentos).
Conforme Lamberts, atualmente, estão etiquetados 20 edifícios (comerciais, públicos e de serviços) no País, além de 27 etiquetas emitidas. “A Caixa Econômica Federal, por exemplo, está envolvida no projeto desde a concepção, e leva a etiquetagem pelo Brasil, exigindo nível B, no mínimo”, contou, lembrando que a etiquetagem é um processo de evolução continua, com várias atualizações de portarias. “Há um diálogo constante com o do Inmetro para simplificar o processo sem perder a qualidade.”
Em termos residenciais, no final de 2010, 4 unidades unifamiliares e 5 multifamiliares foram etiquetadas. Há modelos em Florianópolis e São José (SC), além de 2 edifícios em São e um residencial em Guarulhos.
O especialista detalhou o processo de etiquetas (geral e parciais) e como é feita a avaliação dos sistemas e respectivas pontuações, bonificações, dentre outros aspectos. Para fazer a etiquetagem, é preciso contratar organismo de inspeção acreditado (OIA) pelo Inmetro. O mercado pode funcionar com ou sem a participação de intermediário (consultor), mas, em muitos casos, esta é uma figura importante para ajudar na definição e métricas do projeto.
O custo depende da complexidade, quantidade de vezes que é repetido e nível de detalhamento do projeto entregue à OIA. No residencial, por exemplo, se a etiquetagem for para apenas uma unidade, encarece o custo.
Considerações – Para o professor, é necessário articulação setorial para melhorar o nível de etiquetagem. “O construtor precisa entender melhor o processo de auditoria ao qual será submetido posteriormente. Já o arquiteto deve incorporar ideias na etapa inicial do projeto”, disse. “O setor é complexo, o que demanda diálogo permanente”, concluiu.
Autor: Secovi SP
Fonte: Secovi SP
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