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A disparada dos preços do algodão no mercado tem imposto sérias dificuldades aos empresários do setor de vestuário no Brasil desde 2010. O empresariado sente no bolso as consequências do aumento progressivo do valor dessa matéria-prima no País. Em Santa Catarina, a situação seria a mesma se os catarinenses não contassem com uma iniciativa pioneira do SEBRAE/SC - o Sistema de Inteligência Competitiva Setorial (SIS) -, que os auxilia a atravessar mais esse período de turbulência.

O empresário Jamal Mustafa Jaber, da camisaria Omar, de Criciúma, encontrou no relatório "Os impactos dos preços do algodão no vestuário", publicado pelos SIS em outubro de 2010, estímulo para antecipar a compra de insumos. Precavido e bem informado, ele negociou com os fornecedores da camisaria e conseguiu manter estável, por um tempo determinado, o preço de aquisição da matéria-prima. "A repercussão deste relatório para mim foi excepcional. As informações que encontrei no SIS têm trazido resultados positivos desde o ano passado. A negociação com os fornecedores garantiu à camisaria a compra de algodão pelo mesmo preço até fevereiro", conta Jamal.

A estratégia lhe rendeu a manutenção dos preços das camisas da confecção junto à clientela, o que estimulou as vendas de final de ano, quando muitos concorrentes ficaram em desvantagem, à mercê dos novos preços praticados pelas empresas fornecedoras de algodão. Segundo ele, a vantagem competitiva propiciada pelo SIS à camisaria Omar pode ser traduzida em números: "Em janeiro, nossas vendas aumentaram 70% e não foi preciso fazer promoções para escoar a produção. Camisas que eu estaria hoje vendendo a R$ 70 continuam com o preço antigo, a R$ 50", comemora.

Repercussão - Os relatórios publicados pelo SIS na internet ficam à disposição de todos os empresários participantes do projeto, sendo que a inscrição é gratuita. "O documento usado por Jamal, por exemplo, foi discutido nas reuniões do Núcleo de Moda da AMREC [Associação dos Municípios da Região Carbonífera], em Criciúma, e nos encontros da Associação dos Confeccionistas de Tubarão", explica o analista técnico do SEBRAE/SC, João Alexandre Sant¿elena Guze.

Para o coordenador regional Sul do SEBRAE/SC, Murilo Emanuel Gelosa, a concorrência imposta pelos importados chineses exige medidas de prevenção cada vez mais efetivas: "Os chineses são uma ameaça cada vez maior. Por isso, o SIS antecipa cenários para apoiar a tomada de decisão do empresário. A competitividade das indústrias catarinenses é o foco principal desse projeto".

SIS - Lançado em 2007, o projeto atende quatro setores da economia catarinense: vestuário, calçados femininos, móveis de madeira e apicultura. Inicialmente, o atendimento era restrito aos arranjos produtivos locais (APLs) de Criciúma, São João Batista, Chapecó e Videira, respectivamente. A partir deste ano, 2011, o projeto passa a beneficiar todo o estado de Santa Catarina, dentro dos setores de abrangência. De acordo com o gestor estadual do SIS, Douglas Luís Três, o grande diferencial do SIS é o apoio a grupos de empresas com características comuns, organizadas setorialmente. "Pagar sozinho por um serviço desses custaria muito caro para o empresário. O SIS é gratuito", enfatiza Douglas.

O ambiente de disseminação de informações estratégicas e troca de conhecimento entre empresários e equipe SIS é o portal www.sebrae-sc.com.br/sis, onde são publicados os relatórios e novidades do setor. Os empresários cadastrados como assinantes podem solicitar uma pesquisa por mês, desde que o tema contribua com os outros empresários do setor. Há ainda uma série de outras facilidades no portal, como a Ferramenta de Posicionamento Competitivo.

Camisaria Omar - Fundada em 1974, é uma das pioneiras do setor de vestuário de Criciúma. Especializada no público masculino, é detentora da marca Hereditare. A empresa tem entre seus principais clientes duas importantes redes varejistas especializadas em moda masculina, a Tevah e a Cia do Homem, marcando sua atuação nos três estados da Região Sul.