Até pouco tempo atrás, quem se preocupava com o meio ambiente era chamado por algumas pessoas de "eco-chato". Hoje, esta situação mudou. Os empresários estão descobrindo que cuidar dos próprios resíduos pode ser uma boa estratégia de marketing, além de reduzir custos e gerar lucros.
O consultor do Instituto Movimento Pró-Projetos e especialista em legislação ambiental, Márcio Godoy, explica que toda indústria produz resíduos quem podem virar produtos. "A indústria têxtil, por exemplo, não utilizava os retalhos que sobravam da produção, mas hoje esse material vira estopa para polir carros e feltro (carpete) que reveste o chão dos automóveis."
Godoy ainda lembra que as empresas podem trabalhar com projetos e se inscrever em leis de incentivo. "Pensar e cuidar do meio ambiente pode gerar muito lucro, além de ser uma boa ação de marketing", comenta o especialista.
Comércio e indústrias estão criando ações que dão um destino correto ao próprio lixo
O projeto Recicla CDL desenvolvido por 53 Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina arrecadou, em menos de um ano de trabalho, 150 toneladas de lixo eletrônico. Todo este material é encaminhado para centrais que fazem a separação/reciclagem.
A cidade que teve mais destaque no programa foi Jaraguá do Sul, onde 22 postos de coleta já recolheram 27 toneladas de lixo eletrônico, desde o início da campanha.
Na Grande Florianópolis, a empresa responsável pelo serviço de separação do material arrecadado é a Compuciclado. O proprietário, Steve Era, afirma que reciclagem não é utopia, e sim um negócio. "Alguns materiais não compensam serem reciclados, como por exemplo, as sacolas plásticas, que são mais baratas novas. No entanto, a reciclagem eletrônica feita em grande volume é lucrativa", explica.
Steve ainda lembra que as empresas gastam muito para "dar fim" nos materiais eletrônicos. Mandar para uma empresa de reciclagem é mais barato e ecologicamente correto.
Bons exemplos
O líder em meio ambiente da Embraco, Cristiano Sieber, acredita que antes de pensar em reciclar é necessário que as empresas conheçam os tipos de resíduos que produzem, além de trabalhar com foco na redução. "O lixo é uma extensão da empresa. O fim correto dele continua sendo problema de quem produziu. Na Embraco, cada compressor que fabricamos gera quatro quilos de resíduos. Conseguimos reduzir em 0,6 quilo. Parece pouco, mas pela quantidade que fabricamos é um bom resultado", comenta.
Entre as diversas ações que a Embraco realiza para diminuir os impactos da sua produção, está o envio de duas mil toneladas de sucata metálica por mês para a reciclagem. Deste total, metade é fundida para ser usada em novos componentes.
A analista ambiental do Floripa Shopping (primeiro do sul do país com certificação ambiental ISO 14.001), Joseane Ferrarezi, explica que o programa de reciclagem do empreendimento, o Preserva Floripa, faz o gerenciamento de todos os resíduos que são produzidos, bem como treinamentos para todos os profissionais que trabalham na empresa, inclusive os lojistas.
"Rastreamos até o destino final todos os resíduos que produzimos. Por mês, o Floripa Shopping manda para a reciclagem, em média, 12 toneladas de materiais diversos, 800 litros de óleo vegetal e 50 quilos de pilhas e baterias."