Muito se tem falado sobre o esgotamento dos recursos da Caderneta de Poupança passível de ocorrer no final de 2012 ou em 2013. Essa leitura é muito difícil para aqueles que militam no mercado imobiliário e não conseguem entender totalmente as informações “gerenciais” que são apresentadas pelos bancos à sociedade e concentradas no Mapa 4, do Banco Central.
Quando procuramos entender o quanto de recursos efetivamente os bancos (principalmente os privados) têm aplicado em crédito imobiliário nos seus balanços, estranhamos muito, pois os montantes são pouco significativos. E, para compreender melhor o direcionamento de recursos da poupança, sem tornar este artigo maçante, pretendo desenvolver uma linha de raciocínio e chegar a uma conclusão, mesmo que precipitada.
Nos últimos 12 meses – de fevereiro de 2010 a janeiro de 2011 –, o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos) aplicou R$ 55,77 bilhões para financiar 415,9 mil unidades. Houve um acréscimo de 64,10% em valores e 39,29% em unidades sobre o período anterior de 12 meses – fevereiro de 2009 a janeiro de 2010.
Os valores fechados em janeiro de 2011 foram destinados à aquisição de imóveis novos e usados (58,10%) e para o financiamento de novos empreendimentos (41,90%). Nada mal se lembramos que há dez anos o mesmo SBPE financiava apenas R$ 2 bilhões em um ano.
O saldo das cadernetas de poupança atingiu, em 31 de janeiro passado, o montante de R$ 301,191 bilhões, volume que vem crescendo acima da atualização monetária mensal calculada pela variação da TR (Taxa Referencial) e do crédito de juros calculados a 0,5% ao mês.
Ao conhecer esse saldo da poupança, poderíamos imaginar que os financiamentos imobiliários, no mínimo 65% segundo a regulamentação, já atingiram mais de R$ 195 bilhões, afinal nenhum agente está aquém da exigibilidade mínima, até onde sabemos. Porém, não é isso que encontramos, pois a soma dos financiamentos imobiliários registrados no Mapa 4 é de R$ 184,004 bilhões distribuídos entre os bancos privados (R$ 89,744 bilhões) e bancos públicos (R$ 94,260 bilhões).
Esmiuçando mais esses números de saldos de financiamentos detectamos que os registrados como pessoa física representam apenas R$ 121,826 bilhões, e que os outros R$ 52,308 bilhão são de saldos devedores de planos empresários já liberados, acrescidos dos valores das parcelas remanescentes que serão liberadas até o final dos contratos.
A partir desses dados podemos concluir que os bancos privados são especialistas em financiar pessoas jurídicas, pois seus saldos de financiamentos às pessoas físicas significam somente 27,15% dos saldos de poupança detidos por eles. Já as operações às pessoas jurídicas alcançam 32,66% de suas poupanças. Por sua vez, os bancos públicos, quase que tão somente a Caixa Econômica Federal, são especialistas em financiar pessoas físicas, pois seus saldos alcançam 53,14% das poupanças enquanto o financiamento às pessoas jurídicas representam somente 2,70%. Por fim, existe um espaço ainda não mensurado para o crédito imobiliário nos próximos anos e o Mapa 4 necessita de uma “lipoaspiração”.
Acreditamos que aquelas informações gerenciais deveriam demonstrar com maior clareza à sociedade civil a realidade do cumprimento da exigibilidade, bem como permitir que se estime até quando os recursos serão suficientes ao financiamento imobiliário.
Autor: Celso Petrucci
Fonte: Secovi SP
Obs.: Os textos aqui apresentados s?o extra?dos das fontes citadas em cada mat?ria, cabendo ?s fontes apresentadas o cr?dito pelas mesmas.