O economista austríaco Joseph Schumpeter já afirmava no século XX que o sistema capitalista é um processo de destruição criativa, que também é interpretado como criação destrutiva. Isso significa que o processo tecnológico e a visão empresarial fazem com que alguns tipos de comércio sejam substituídos por outros que oferecem mais e/ou melhores produtos ou serviços.
Basta dar uma volta pelos centros e bairros de qualquer cidade para perceber que algumas lojas estão sumindo. As de CD's, por exemplo, praticamente não existem mais. Outros setores do comércio que enfrentam dificuldades são os açougues, as vídeolocadoras e as papelarias.
Sem considerar questões éticas, as lojas de CD'S perderam espaço para as músicas gratuitas baixadas na internet. O mesmo acontece com as locadoras de DVD's, que disputam espaço com os filmes baixados na rede. Os açougues perderam clientes para os supermercados e as papelarias para as lojas de departamento.
Diversificação
O consultor econômico da Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio), Paulo Guilhon, explica que as migrações acontecem porque o empresário precisa vender mais e oferecer ao consumidor a comodidade de encontrar no estabelecimento, o que pode acabar indo procurar em outro. A diversificação é uma estratégia utilizada há muito tempo pelo setor empresarial, assim como a especialização faz a diferença para muitas empresas.
Guilhon lembra que, além do comércio, alguns serviços também estão entrando em extinção como os cobradores de ônibus, que não existem mais na cidade de Criciúma, ou ainda os ascensoristas, que comandam os elevadores. "São questões que, pela sua importância, merecem um estudo mais acurado, pois contribuem para formulação de estratégias que devem considerar as consequências da perda de emprego de muitos trabalhadores e o impacto que isso pode ter na economia como um todo."
O segredo
Os empresários desses setores tiveram que trabalhar muito para manter os lucros. Flávia Tomei é dona da Floripapelaria, que fica no centro da capital, e revela que o principal segredo para se manter em um mercado que passa por dificuldades é a qualidade no atendimento e no serviço. "Os meus maiores concorrentes são as grandes lojas de departamentos que praticam um preço muito baixo. O nosso diferencial é o atendimento personalizado, onde o cliente não é apenas uma senha de fila", comenta Flávia.
No bairro Jurerê Tradicional, em Florianópolis, o proprietário da Makoto vídeo locadora, Makoto Suehara, conta que não compra mais filmes para o público de 14 a 20 anos, porque eles preferem baixar na internet. "Tenho o meu público fiel, mas o movimento caiu já faz dois anos. Agora eu pretendo expandir os negócios. Talvez um café. Só locadora não dá mais", lamenta Suehara.
Mario Cesar Rosar é dono do açougue Santa Filomena, em São José, no bairro Praia Comprida. Ele revela que já passou por dificuldade, mas que isso faz parte. "Para se manter no mercado é necessário oferecer diferenciais, qualidade e ter criatividade. É importante saber agregar valor ao produto que vendemos."
Autor: DIEGO SOUZA
Fonte: Economia SC
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