Activa - Contabilidade e Condom?nios

Todo fim de semana é a mesma coisa. Rafaela chega de madrugada e encontra o vigia de seu prédio, em Laranjeiras, dormindo. Chateada, esquece o dedo na campainha do interfone. Mesmo com todo o barulho, Zé, o porteiro da noite, demora a acordar. Sonolento, ele tateia pela parede até encontrar o botão que abre a grade de ferro, esfrega os olhos, boceja e, só quando Rafaela está dentro do edifício, ele finalmente olha para ela e confirma: é moradora.

E se não fosse um morador, Zé? - Rafaela sempre se pergunta. Ela teme que um dia ele acabe abrindo a porta para um ladrão. Nem seria novidade. O prédio já foi invadido por gente disfarçada de funcionário da NET, que roubou a caixa de transmissão da empresa e saiu calmamente. Os moradores não tiveram grandes prejuízos: só ficaram sem TV a cabo por alguns dias. Mas e se os ladrões quisessem mais?

Histórias assim são comuns no Rio. Mesmo em grandes condomínios, aqueles com seguranças engravatados, não é difícil passar. Nós, daqui do Morar Bem, fizemos o teste semana passada e publicamos na edição deste domingo o resultado. A reportagem de Karine Tavares, publicada no Morar Bem deste domingo, mostra a facilidade que tivemos para entrar em prédios em Botafogo, Laranjeiras, Ipanema, Leblon, Gávea e Lapa sem qualquer identificação. O saldo? Sucesso em 60% das tentativas.

- Quando o condomínio foi inaugurado, ganhamos carteirinha e os seguranças pediam para a gente apresentá-la. Agora não mais - reclama a arquiteta Danielle Bispo, moradora de um grande empreendimento na Lapa, onde nossa equipe circulou sem ser incomodada.

Advogado do sindicato dos empregados em edifícios do Rio (Semeerj), Antonio Carlos Batista admite que alguns profissionais têm postura errada, mas ressalta que a falta de treinamento é um dos principais problemas.

- Os síndicos e as administradoras preferem investir em equipamento, muitas vezes caro, do que treinar seu pessoal.